17 de maio de 2012

TOT - Iniciativas em todo o mundo

Em 2003, surgiu o projeto Training of Ttrainers (Formação de Formadores) para as mulheres do Quênia interessadas em tornarem-se microempresárias.



Não importa qual o nível de conhecimento das candidatas à formação, tão pouco a sua capacidade econômica. Nascido com a ajuda da Fundação Kianda e da União Europeia, o importante neste projeto é a disposição e o esforço das participantes, aproveitando o tempo, tendo compromisso das suas tarefas e responsabilidade no cumprimento das obrigações contraídas. Este projeto destina-se, sobretudo a mulheres de Ngariga, Riara e Ngong que resolveram ser proprietárias de microempresas e assim melhorar o poder aquisitivo das suas famílias.

Desde o início do projeto TOT, 1.279 mulheres se beneficiaram do programa. A maior parte tem entre 25 e 30 anos de idade embora haja algumas com mais de 60 anos. Estas são avós que tiveram que voltar a trabalhar para tomarem conta dos netos órfãos porque os seus pais morreram de AIDS.

Priscilla é uma mulher já de certa idade, de Karmithu. Antes de assistir ao curso básico de TOT vendia roupa usada no mercado de Limuru, duas vezes por semana. Não tinha conhecimentos de marketing e expunha as peças para venda - normalmente sujas e enrugadas – amontoadas no chão. Depois da formação, optou por abrir uma “boutique” em Kamirthu, a povoação onde vive, com excelentes resultados. Hoje em dia expõe a roupa – selecionada, limpa e bem passada a ferro, pendurada em cabides por tipo (mulheres, homens, crianças…) tornando-a mais atraente. Vai ao mercado central onde importa, por atacado, roupa em segunda mão e escolhe o que quer vender. Além do mais, tem muito bom gosto para combinar blusas, saias, lenços, etc. Antes, com sorte, ganhava 1.000 KSH numa semana, agora ganha em média 30.000 por mês (1.000 KSH equivalem a 10 euros). Isto lhe permitiu ampliar o negócio, alugar o espaço ao lado para poder ter maior variedade de artigos. Mantém uma contabilidade rigorosa, como aprendeu no curso. Costuma dizer que o TOT mudou a sua vida. Hoje sabe o que quer dizer lucro, marketing, contabilidade, poupança, entre muitas outras coisas.

Universitárias com espírito de serviço

A ideia do projeto TOT (Training of Trainers) no Quênia é inspirar nos estudantes uma mentalidade de serviço à sociedade, promovendo o bem comum através do trabalho profissional e da atuação pública.  A iniciativa é liderada por universitárias que estudam Gestão ou Economia, explica Susana Kinyua, diretora do programa. Primeiro elas avaliam a situação das mulheres da região. Em seguida há uma série de sessões sobre desenvolvimento e aquisição de hábitos. Durante este tempo as estudantes visitam as casas das 80 mulheres
que participarão do curso e pedem que respondam a um questionário.

Numa segunda fase têm início as sessões sobre como conseguir um negócio lucrativo: planificação, elaboração de orçamentos, contabilidade, marketing, viabilidade económica e poupança. Cada estudante encarrega-se de ajudar um pequeno grupo de participantes a planear a sua própria empresa.
As estudantes acompanham as senhoras durante 6 meses para ajudá-las a resolver os problemas que possam surgir, estudam as iniciativas e avaliam a capacidade de desenvolvimento futuro. Além disso, a Fundação Kianda  coloca estas mulheres em contato com programas de microcrédito e ainda ajuda a conseguir empréstimos para melhorar os negócios.

Electricidade, lavatório e planos de investimento

Wangari é casada e vive com os dois filhos num bairro de lata de nome Mathare no povoado de Ngong. Quando a mãe de Wangari ficou cega, o pai abandonou a família, e a mãe teve de educar os filhos, sozinha. Em 2008 conheceu Kianda Foundation por intermédio do projeto TOT. Quando ela terminou o curso, o marido, que é carpinteiro, construiu um pequeno espaço de chapa de zinco (mabati) onde instalou um pequeno “salão de beleza”. Conseguiu um empréstimo de 16.000 KSH (cerca de 160 euros) para ligar a eletricidade. Depois, comprou um secador para penteados com tranças e novas técnicas que lhe renderam bastante. Agora os lucros são suficientes para sustentar a família, comprar alimentos, roupa e cobrir as o restante das despesas da casa.

A família melhorou muito. Compraram inclusive um fogão a gás, conta ela com muito orgulho. Ao ver o êxito de Wangari, o marido montou uma carpintaria com dois amigos seus. Ele abriu uma conta poupança no banco e conseguiu um empréstimo para melhorar o negócio.
Participar do projeto TOT, para a maioria das estudantes, ajudou e ainda as ajuda a trabalhar com uma mentalidade mais profissional: aproveitam melhor o tempo, são constantes na realização das suas tarefas e a são responsáveis no cumprimento das suas obrigações. Relatam, inclusive, que gostariam de dar uma dimensão social às suas profissões introduzindo, por exemplo, determinados objetivos para melhorar o desenvolvimento da comunidade nas organizações em que vierem a trabalhar.

Abraços e até a próxima

Andrea Colleone

Fonte: http://www.pt.josemariaescriva.info/artigo/tot3a-3ci3etraining-of-trainers3ci3e
 

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